DEFESA PEDE CELA COM ISOLAMENTO PARA PRESERVAR INTEGRIDADE FÍSICA DE AGRESSOR

A defesa de Igor Eduardo Pereira Cabral, que agrediu a namorada com pelo menos 60 socos no rosto dentro de um elevador, pediu à Justiça que ele fique em isolamento na cadeia para “preservar sua vida e integridade física”. O pedido foi protocolado na última terça-feira (29). A Justiça remeteu a solicitação para a Secretaria de Administração Penitenciária, que avaliará o pedido. Igor Eduardo está preso provisoriamente no Centro de Recebimento e Triagem, mas deve ser transferido em breve.

O documento da defesa foi embasado na repercussão regional e nacional do caso, nas mídias sociais e órgãos de imprensa e ameaças à integridade física de Igor Eduardo. Na petição, a defesa do acusado alega ameaças de uma facção criminosa e pede “isolamento para preservar sua vida e integridade física”, disse. A justiça deu prazo de 48h à Seap para informar as providências tomadas. No documento, é mencionado que também há ameaças do “sindicato do crime”.

No sistema penitenciário, Igor Eduardo Pereira Cabral está custodiado no Centro de Recebimento e Triagem, em Parnamirim, numa cela com outros seis presos. Ainda não há prazos para que ele seja transferido para unidades do sistema penal. Segundo apuração da TN, a cela em que ele está é considerada a de “seguro”, isto é, uma cela para presos que correm risco.

Uma vez no sistema, o preso passa por uma Comissão Técnica de Classificação (CTC) multidisciplinar formada por policiais penais, psicólogos, equipe de saúde, sendo feito um levantamento psicossocial, antecedentes e periculosidade, sendo efetivamente classificado. Essa triagem é uma espécie de “porta de entrada” do sistema penal, tomando ciência das regras e horários. Ainda não há previsão de transferência do preso para penitenciária ou presídio da Grande Natal.

Nesta quarta-feira (30), a família e a defesa técnica do agressor emitiram uma nota acerca do caso, lamentando o ocorrido e reforçando que “os familiares não têm responsabilidade sobre os atos cometidos”, enfatizando que Igor se encontra à disposição da justiça e será julgado conforme a lei.

O comunicado foi publicizado após uma casa supostamente do ex-atleta amanhecer com pichações em tons de ameaça. A família alegou que o endereço que chegou a ser divulgado em redes sociais não pertence ao jovem.

“É necessário esclarecer que o endereço divulgado em algumas matérias e redes sociais não pertence ao jovem envolvido no caso. Trata-se de um ambiente estritamente comercial, local de trabalho de familiares, que não tem qualquer relação com o ocorrido. A exposição indevida deste local tem causado transtornos, ameaças e constrangimentos a pessoas que não têm qualquer envolvimento com a situação, violando o direito à privacidade e à imagem, conforme assegurado pela Constituição Federal”, aponta.

Ainda na nota, a defesa disse que acompanha o caso e confia no devido processo legal para o esclarecimento dos fatos e que falará apenas nos autos do processo. “Em respeito às partes envolvidas, não serão concedidos outros pronunciamentos no momento, restringindo-se as manifestações aos autos do Inquérito Policial e ulterior Processo Penal”, apontou.

O caso aconteceu no último sábado (26), num condomínio da zona Sul de Natal. A vítima, Juliana Soares, 35 anos, foi agredida com pelo menos 60 socos pelo seu namorado, Igor Eduardo Pereira Cabral, 29 anos. A câmera do elevador registrou as agressões, sendo possível identificar ele desferindo socos no rosto da vítima. O crime teria sido motivado por ciúmes. À Polícia Civil, o homem alegou ter tido um “surto claustrofóbico”. Juliana Soares vai precisar passar por cirurgia de reconstrução do seu rosto, que chegou a ter o maxilar fraturado. Uma campanha de auxílio coletivo nas redes sociais chegou a ser criada, tendo atingido R$ 60 mil na última visualização.

Cresce a busca por apoio jurídico e psicológico

A brutal agressão sofrida por Juliana Soares, espancada com 61 socos pelo namorado, Igor Eduardo Pereira Cabral, dentro de um elevador em um prédio residencial de Natal no último sábado (26), desencadeou uma reação imediata e vem provocando um aumento na procura por apoio na Procuradoria da Mulher da Assembleia Legislativa (ALRN). Em dois dias após a divulgação do caso, o canal de atendimento Zap Mulher (84 98896-0402) registrou um aumento no volume de mensagens, na busca por orientação e acolhimento diante da violência de gênero. Seis pedidos foram registrados nesta semana.

As mensagens recebidas revelam o grau de urgência de muitas vítimas, que viram no caso de Juliana o reflexo de suas próprias realidades. “Preciso de proteção. Estou desesperada”, dizia uma das solicitações encaminhadas à equipe da ProMulher, ainda na segunda-feira (28). A maioria das mulheres buscou orientação jurídica, apoio psicológico e relatou vivências de violência doméstica e psicológica, muitas das quais até então mantidas em silêncio. O aumento repentino de denúncias se concentrou especialmente entre mulheres de 24 a 40 anos, com maior incidência nas regiões de Natal e Parnamirim.

“Observamos um aumento significativo nos atendimentos em um curto intervalo de tempo. Em apenas dois dias, registramos o equivalente a 50% da média de atendimentos que normalmente ocorre em uma semana. Esses dados reforçam a importância da ampliação dos serviços especializados e da divulgação contínua das formas de acolhimento e apoio às mulheres”, detalha a equipe da Procuradoria.

A resposta da Procuradoria à alta demanda parte do princípio da escuta humanizada, seguida de encaminhamentos especializados. “Assim que uma denúncia chega até nós, o primeiro passo é realizar o acolhimento da vítima com escuta qualificada, de forma humanizada e sigilosa. Para isso, solicitamos que a mulher venha até a Procuradoria da Mulher, onde poderá ser ouvida com atenção e empatia por nossa equipe especializada. A partir desse momento, oferecemos suporte psicológico e jurídico, avaliando cada caso de maneira individualizada”, informa a Procuradoria.

Após isso, a vítima é orientada acerca dso direitos e os caminhos legais disponíveis. “Também auxiliamos na solicitação de Medidas Protetivas de Urgência, previstas na Lei Maria da Penha, quando há risco à integridade física ou emocional da vítima. Nosso objetivo é garantir que essa mulher se sinta segura, amparada e fortalecida para romper o ciclo de violência. Além disso, quando necessário, fazemos o encaminhamento para outros órgãos da rede de proteção, como o Ministério Público, Defensoria Pública, Delegacias e Centros de Referência Especializados”.

A ProMulher é composta por uma equipe multidisciplinar que inclui psicólogos, assistentes sociais e advogados. A atual composição tem como procuradora especial a deputada Cristiane Dantas, com as deputadas Terezinha Maia e Isolda Dantas como procuradoras adjuntas, e as deputadas Divaneide Basílio e Eudiane Macêdo como integrantes. A coordenação geral é da servidora Samya Bastos.

TRIBUNA DO NORTE